segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fille (seis)

- O que foi isso - perguntei, assustada.
- Não sei - ele pareceu nem se importar com a minha pergunta.
- Sério, deve ter alguém vindo - estava preocupada.
- Não viaja - ele disse, sem desviar o olhar da minha boca.
- Tenho que ir mesmo - disse e saí correndo.
Andei por todo pátio da escola, tudo parecia estar girando, as pessoas pareciam estar me olhando, era uma sensação estranha. Continuei correndo até chegar em casa.
Ela estava lá, a mesma senhora de sempre. Criei coragem e sentei ao seu lado.
- Oi - eu disse.
Nenhuma resposta.
Respeitei e ficamos lá. As duas olhando pro nada, por um bom tempo. Lembrei que eu tinha que ler uns livros e falei, mesmo sabendo que ela não ia responder:
- Boa noite.
Tomei banho, li duas páginas e dormi, profundamente até o meu celular começar a tocar.
Não atendi. Ele parou mas segundos depois começou a tocar novamente.
- Alô - tentei falar.
- Maria Julia? - a voz do outro lado perguntou.
- Eu - tentei mais uma vez.
- Oi, é o Miguel - ele disse, por fim.
Acho que ele viu que eu demorei um pouco pra responder e começou a se explicar, mas eu não ouvi direito. A única coisa que captei foi:
- Te amo, nos vemos amanhã.
Tentei continuar dormindo, mas aquele 'te amo' ficava ecoando na minha cabeça repetitivamente.
Consegui dar uma cochilada e quando estava pegando no sono mesmo, o despertador toca.
Paciência. Levantei, tomei café da manhã e fui andando para escola, como de costume.
Já era sexta-feira. A semana tinha passado voando.
Era a última aula do dia, a aula que eu tinha com o Miguel. Depois do sinal eu sinto uma respiração no meu pescoço e ouço, logo em seguida:
- Te pego amanhã às 21h.
Eu tinha me esquecido completamente da festa. Não estava acostumada com esse tipo de evento.
Como precisava usar vestido longo, eu não tinha roupa. Nem dinheiro para comprar um. Fui no brechó da esquina da pensão e achei um vestido que me parecia ideal, só precisava de uns ajustes.
Sábado às 21h, ele estava lá, maravilhoso.
Entrei no carro e ele não falou nada, nem eu. Fomos assim, o caminho inteiro, até chegar na festa.
- Quer dançar? - ele diz, finalmente.
Ia responder sim, mas quando olho não tem ninguém na pista de dança.
Independente da minha resposta, ele me puxou, me levou bem para o centro e começou a me conduzir. Até que ele me beijou.

A Menina

Um comentário:

  1. esse foi tenso haha ''até que ele me beijou'' e eu comecei a me sentir estranha e babada HAUIEHUIAEHIUAEHUI

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