quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

estou postando a história "Invisível" no blog Desejos de Menina (http://desejosdemeninablog.blogspot.com/)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Fille (dezoito e último)

Se tinha uma coisa que eu amava, eram flores. Sempre fui mega apaixonada por flores. Abri a porta e encontrei praticamente um jardim.
- Meu Deus, amor. Você comprou a floricultura inteira? - perguntei, ainda não acreditando.
- Não, ainda ficaram algumas na loja para os outros clientes - ele riu.
- Ai, você não existe mesmo - eu disse.
- Não, se tem alguém que não existe, é você; nunca imaginei que todas as qualidades possíveis do mundo pudessem estar concentradas em uma pessoa só. Fico feliz de você ter me escolhido - falou.
- Miguel, que exagero, amor - fiquei envergonhada.
- Não, não é... Estou falando sério. Todos os meninos da escola e qualquer um que te vê na rua, todos mesmo, eles se apaixonam. Você tem alguma coisa que é diferente das outras meninas - continuou.
Eu já estava ficando muito vermelha, ele era o perfeito daqui. Lembrei que cheguei no quarto por causa das pistas e isso me lembrou que eu tinha que descobrir o que era Fille e então achei um jeito de fazer ele parar de falar aquelas coisas fofas:
- Fille é flor, amor?
- Não, sua bobinha - ele riu.
- Mas, hmm, então? - eu não estava entendendo mais nada.
- Ainda não acabou, vem cá, fecha os olhos - ele pegou minha mão e começou me guiar.
Não fazia a menor ideia de onde eu estava, para onde ele havia me levado, mas se tinha uma pessoa que eu confiava, era nele.
- Pode abrir - falou.
Tinha um pique-nique lindo, em um lugar perfeito. Do lado da casa dele tinha uma floresta que eu sempre tive vontade de entrar, ela parecia tão acolhedora... Agora eu estava lá e com a pessoa mais perfeita do mundo. Ficamos lá horas e horas, conversando, rindo...
- Olha que lindo esse pôr-do-sol - falei.
- Olha que lindo esse pôr-do-sol ao lado da menina mais perfeita do mundo - ele disse.
Não disse nada, apenas virei e o beijei. Foi como o nosso primeiro beijo, incrivelmente perfeito.
- Tenho uma coisa para te entregar - ele falou e pegou um caderninho.
- O que é? - perguntei.
- Você é muito curiosa, abre e lê - riu.
Uma peça de teatro. Ele tinha escrito uma peça de teatro para mim.
- Quero que você atue comigo. A professora me perguntou se eu queria escrever a peça da conclusão do curso e eu aceitei. Lê e depois me responde, pode ser? - falou.
- Eu aceito - respondi, imediatamente.
- Mas você nem leu... - ele começou.
- Não importa, shhh - o beijei.
(Seis meses depois)
- Tudo pronto? - ele perguntou.
- Ei, amor, relaxa, vai dar tudo certo - tranquilizei-o.
- É claro que vai ser tudo perfeito, você faz parte da peça - falou e saiu.
Ai ai, esse Miguel, ri sozinha.
Esse tempo todo que eu passei aqui me ensinou a ser eu, não me importar com tudo o que os outros pensam de mim. O Miguel me mostrou como é possível ser feliz com coisas simples, um simples sorriso, um olhar, um abraço, um beijo, são pequenas ações que podem mudar o dia de uma pessoa...
- Maju, vamos? - alguém interrompeu meus pensamentos.
- Vamos, vamos - respondi.
A peça foi perfeita, eu já estava no camarim, esperando as últimas falas para agradecer, quando eu escuto:
- Ahm, Maju?
Fui andando para o palco e parei antes de entrar.
- Amor, vem cá - Miguel me chamou.
Fiz que não com a cabeça, mas não adiantou. Ele começou a andar na minha direção e me puxou.
- Só queria te dizer que eu te amo e agradecer por todos os momentos que você passou comigo, foi tudo perfeito, porque você é perfeita, então... - ei, isso não estava no roteiro da peça.
Senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, uma lágrima de felicidade, enquanto a plateia aplaudia.
- Eu te amo - foi o que consegui dizer, logo depois de cair em seus braços.
- E Fille é... - ele disse no meu ouvido.


FIM
A Menina

domingo, 19 de dezembro de 2010

Fille (dezessete)

Logo depois da maravilhosa surpresa, recebo uma flor com um bilhetinho escrito 'Fille'; só isso, nada mais. Ainda meio sem saber o que era aquilo, pergunto:
- Amor, o que é Fille?
- Não acredito que você ainda não sabe - ele riu.
Morri de vergonha. Eu deveria saber? Mesmo assim, não desisti:
- Não, não sei. O que é? Vai me falar?
- Awn que bonitinha, não precisa ficar brava. Você é e é minha, são as duas dicas que eu posso te dar - falou e virou, indo para o quarto.
Ah não, ele estava jogando comigo? Ele não pode fazer isso, só eu posso jogar com ele, é meu jogo de sedução; o contrário não pode.
- Amorzinhoooooooooo - já que ele estava jogando, ia jogar também.
- Oi prfeição da minha vida - ele respondeu, rindo.
- Não ri de mim - tentei parecer brava, mas não deu certo, nós dois começamos a rir, ele me puxou e me derrubou na cama. Começou a me beijar do jeito mais fofo do mundo. Sim, depois de tanto tempo juntos, ele ainda conseguia.
- Vou te dando dicas. Tem um presente escondido na casa - ele falou.
Rindo, eu disse:
- Você acha que eu sou criança? Que fofo. Vamos, quero brincar.
'Venha ver o sol' - primeira dica.
- Dã, fácil, janela - saí correndo.
'Posso te esquentar' - segunda dica.
- Você tem lareira aqui, amor? - perguntei.
- Procure - foi só isso que ele disse.
- Há, achei - gritei.
'Vou iluminar o seu dia' - terceira dica.
- Mas amor, isso tá muito fácil - falei, indo para o abajur.
'Estou com fome' - quarta dica.
- Sou muito esperta, óbvio que é o fogão - disse, rindo.
- Ou não, não esquece que eu sou uma pessoa prática - ele disse.
- Tá, o microondas - falei, rindo.
'Eu te amo' - quinta e última dica.
- Amoooooor - falei, procurando-o.
Cadê ele?
- Estou aqui, amor - ouvi sua voz.
Quando eu abri a porta, não acreditei.

Continua,
A Menina

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Fille (dezesseis)

- Fala, amor - não estava aguentando mais.
- Calma, preciso me preparar - disse ele, na maior tranquilidade.
Fiquei ali esperando, olhando para cara dele enquanto ele ficava olhando para o teto e ficava meio que relembrando tudo o que tinha pra me dizer.
- Amor? - perguntei.
- Cada vez que você me chamar, vou demorar mais um pouquinho - ele disse, e riu.
'Ei, não tem graça', pensei.
- Pronto - ele disse, e ficou parado.
- Então? - falei.
- Antes eu preciso fazer uma coisa - disse.
- Aaaaah - berrei.
Ele foi chegando perto de mim, me mandou fechar os olhos, segurou no meu queixo e me beijou. Depois de tanto tempo juntos, ele ainda conseguia me surpreender a cada beijo, era mágico, incrível, eu adorava.
- Agora sim, posso começar, certo? - ele perguntou.
- Mas é óbvio que sim - respondi.
- Então eu vou lá pegar - saiu.
Oi? Como assim? Não estou entendendo mais nada. Sentei no sofá e fiquei olhando pela janela, enquanto o esperava. Ele estava demorando, mas tudo bem, eu não ia olhar pra trás, não mesmo.
- Tó, pega - ele disse, jogou um papel em cima de mim e saiu.
Era um papel todo cheiroso, embrulhado em um envelope, lindo, perfeito; que nem ele. Quando eu abro, quase tenho um treco:
'Está sendo cada vez mais difícil te resumir nesse pedacinho de papel, mesmo depois de tantas horas parado, só pensando em você, percebi que você é simplesmente irresúmivel, o que te torna tão diferente e especial são todos esses pequenos detalhes,que fazem toda a diferença, quando vejo você, não consigo notar apenas uma coisa, uma característica marcante, não consigo olhar pra você e explicar exatamente o que te faz ser tão linda, nos seus olhos, posso ver que existe mais do que um pensamento correndo pela sua mente, consigo sentir tantas coisas diferentes perto de você, por isso não posso te definir, te classificar, você é tudo, ao mesmo tempo, para conseguir te explicar, dizer o que você significa, preciso de muito mais que um papel, preciso de momentos, todos os momentos que eu passei ao seu lado talvez possam resumir tudo que você é e representa pra mim, te amo, não por uma coisa, mas por todos os pedacinhos que formam essa pessoa, simpática, meiga, carinhosa, gentil, fofa,linda, incrível, magnífica e perfeita que você é'.
- Amoooooooooooooooooor - gritei.
- Calma ai que ainda não acabou - ele gritou de volta.

Continua,
A Menina

sábado, 30 de outubro de 2010

Fille (quinze)

Não preciso dizer que após ouvir as palavras mais perfeitas do mundo, eu simplesmente dormi. Apaguei. A voz do Miguel ficou ecoando na minha cabeça.

Foram os dois meses mais chatos da minha vida. Fiquei 24 horas por dia deitada em uma cama. Depois do primeiro mês eu já podia receber visitas; todas, mas TODAS as pessoas que eu conhecia foram me dizer pelomenos um 'oi'. Até as que eu nem falava... Enfim.

A peça de final de ano era daqui duas semanas e eu não ia poder participar. Aquela vadia ia fazer par com o meu Miguel, sim MEU. A gente já tinha conversado e estávamos mais apaixonados do que nunca.

Dia da saída do hospital. Ia direto pra casa do Miguel, pois ainda precisava ficar em 'observação', como disse o médico, e na pensão não ia ter como.
Ele abriu a porta para mim e tinha uma faixa enorme escrito 'Fille, minha Fille'.
- O que significa? - perguntei.
- Um dia você vai descobrir - ele disse e me beijou.
- Ah não, me conta amor - afastei ele para ver se ele respondia.
Ele nem se moveu. Sorriu e continuou me beijando.
- Vêm aqui, quero que você ensaie comigo - ele me puxou.
- Tudo bem - respondi.
Nos divertimos muito ensaiando, foi uma tarde maravilhosa, mas do nada o Miguel para e fala:
- Amor, preciso te contar uma coisa.
Gelei.

Continua, A Menina.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Fille (catorze)

- Maju, Maju, acorda amor. Majuuuuuu - ouvi o meu, ainda posso dizer namorado?, gritando.
Eu tentei responder, eu juro que eu tentei, mas a minha voz não saiu. Eu vi a cara de preocupação dele mas eu não conseguia falar. Eu queria gritar, falar que eu o amava, mas a única coisa que consegui fazer foi liberar uma lágrima. As últimas palavras que eu ouvi foram:
- Ela está bem, ela está bem. Ela chorou.
Enquanto eu dormia, tudo passou como um filme na minha cabeça. O primeiro dia de aula, a primeira aula com o Miguel, o beijo, os encontros, as risadas, os momentos. A chegada da Bárbara, o meu inferno, o sorvete. Novamente tive a mesma sensação de querer falar e não consegui.
Senti uma mão na minha. Senti um cheiro familiar, uma respiração que me tranquilizava.
- Ei, menino, você precisa sair dai - alguém disse, provavelmente o médico.
- Não, eu vou ficar aqui com ela - Miguel.
- Mas ela precisa descansar - o médico.
- E eu estou atrapalhando? - ele sempre conseguia ser tão inteligente.
"Não, ele não está, deixa ele aqui comigo" - tentei, mas nada.
- Tudo bem, pode ficar - o médico finalmente cedeu.
- Se eu soubesse que era a última vez não teria dito nada do que disse, não teria feito nada além de te abraçar e aproveitar cada segundo sem tirar os olhos de você. Se tivessem me avisado que era a última vez eu poderia implorar para que você ficasse mais um pouco, só para te explicar que mais um pouco seria muito pouco e que por menos que fosse, já seria muito para mim. Se eu soubesse, te falaria mil coisas sem dizer uma palavra, te mostraria mil dias de agonia em um olhar, e quando você estivesse saindo, eu te chamaria de volta só para dizer mais uma vez o 'eu te amo' que ninguém mais vai ouvir e te dar um último abraço, com o amor que ninguém mais te entregaria - se eu não estava ficando louca, foi o Miguel falando.

A Menina

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fille (treze)

- Bárbara - morri.
- Eba, vou ser a Julieta - disse a Bárbara, toda falsa.
- Hm - disse Miguel.
'Como assim? Porque ela e não eu?' Pensei.
Fiquei o dia inteiro pensando nisso. O que ela tinha que eu não tinha?
- Ah amor, não fica assim, você sabe que é só uma peça - Miguel tentou me tranquilizar.
Só uma peça? Poxa, aquilo era o que eu mais queria fazer, meu encerramento de curso, e era SÓ uma peça? Mas mesmo assim respondi:
- Eu sei.
Dois meses tendo que aguentar essa menina dando em cima do meu namorado, não estava aguentando mais.
- Miguel, não consigo mais. Não é porque eu não sou seu par, mas essa menina me provoca - chorei.
- Ah meu amor, vem aqui - ele me abraçou e me beijou.
Maria Júlia, é isso que ela quer, não cai no jogo dela, fica na sua, o Miguel gosta de VOCÊ.
Estava começando a me acostumar com a ideia quando vejo a puta da Bárbara tomando sorvete com o MEU namorado.
Já estava indo falar com ela quando percebi que ele também estava tomando sorvete com ela, então será que...? Não, não podia ser.
Virei e voltei caminhando para casa, tentando raciocinar o que havia acontecido.
Não estava nem pensando direito, só vi uma luz super forte e puf, apaguei.

A Menina