domingo, 30 de maio de 2010

neste verão (parte dois)

Esperei mais meia hora, nada. Pronto, já me esqueceu, nem liga mais. Eu sabia que isso ia acontecer, porque eu fui tão idiota? Quem se importaria com uma retardada que cai na beira do mar? Ouvi sirenes, segui o som. Vejo os paramédicos levando uma senhora na maca, quando olho para o portão vejo ele, secando as lágrimas. Corro o mais rápido que posso, abraço-o. Foi o melhor abraço que eu me lembro de ter dado, verdadeiro, sincero, perfeito.
- O que houve? - pergunto.
- Eu estava tomando banho, ouvi um grito, quando eu vi minha vó estava no chão - ele respode.
Eu não tinha nada para falar, só abracei ele o mais forte que eu podia.
- Vai comigo para o hospital? - ele faz a cara mais fofa do mundo.
- Claro - eu não tinha outra resposta.
Apenas eu, ele e o silêncio na ambulância, nossas mãos entrelaçadas e ele pensativo. Eu queria ajudar mais, mas eu não sabia como, achei melhor ficar quieta, era o melhor que podia fazer.
- O hospital não era o lugar que eu planejava conhecer, mas... - ele corta o silêncio.
- Calma, vai dar tudo certo - acalmo-o.
- Obrigado.
Não digo nada, apenas sorrio.
Esse caminho pareceu eterno. Chegando em nosso destino, os médicos encaminham sua vó aos procedimentos que devem ser tomados e nos pedem para esperar. É o que fazemos, sem falar nada, apenas ficamos abraçados, ele brincando com a minha mão e eu com a dele. Ele acaba dormindo, um anjo, resolvo não acordar.
Duas horas depois, vejo os médicos acenando.
- Felipe, acorda, acho que os médicos querem falar com você - tento ser o mais cuidadosa possível.
- Ah, sim - a cara de sono dele me encanta.
- Você que está com a Dona Maria Cecilia? - pergunta um médico, alto, de olhos claros.
- Sim, ela mora sozinha aqui, estou passando férias em sua casa - ele responde, tremendo.
- Bom, então é com você que eu tenho que falar - diz o médico.
Gelei.

Continua,
A Menina.

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