sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fille (dois)

- Hahaha - o menino olha para minha cara, para minha blusa, ri e sai.
- Oi, não sei se você percebeu, mas tem chocolate quente em mim - digo, após cutucá-lo.
- Eu vi, gata. O que quer que eu faça? - ele faz uma cara de ironia.
- Desculpas, pelo menos - falo e saio, ouvindo um 'desculpa' e risadinhas ao fundo.
Tenho que ir ao banheiro tentar recuperar o estrago na minha blusa. É, não deu muito certo, ficou um borrão no meio, mas... paciência. Estava atrasada para a próxima aula.
- Com licença - pedi educadamente.
- Claro, pode entrar... - o professor parecia tentar lembrar meu nome.
- Maria Julia, sou nova na escola - disse, entrando.
- Seja bem vinda - ele foi fofo.
Sentei na cadeira vazia do lado de um menino. Acompanhei a aula junto com ele e fizemos as atividades propostas pelo professor.
Tarefa de casa: observar as pessoas na rua e escolher uma para interpretar. Isso me pareceu interessante. Já estava começando a imaginar quando fui interrompida:
- A gente poderia fazer essa tarefa juntos né?
- Ahm, é? - respondi, meio assustada, para o menino que sentou ao meu lado na aula.
- É, podemos sair para jantar ou algo do tipo - acho que ele não queria fazer a tarefa...
- Ah, acho que não, fica para uma próxima - sai.
Gente, o pessoal aqui é sempre assim? Na maior intimidade com todo mundo?
Fui a pé para casa e já começei a reparar nas pessoas. Me apaixonei pela sehora que estava sentada no banquinho do lado de fora da pensão. Ela estava alimentando uns passarinhos. Cortava o pão bem pequenininho, esfarelava e abria a mão. O passarinho ia pegar, com o maior cuidado, as migalhas na mão da senhora. Ela repetia a mesma coisa várias vezes, mas era incrível a delicadeza que ela tinha ao realizar os gestos. Fiquei horas e horas reparando até alguém me dar um susto:
- Oiiiii amiga!
- Ai, que susto, oi - as pessoas têm mania de surpreeder os outros aqui ein.
- Então, vamos no shopping? - perguntou Amanda.
- Desculpa, mas acho que a gente não combina - falei.
- Ah, aquilo não foi nada. Eu tenho mania de falar o que eu penso mesmo, na cara - ela parou e ficou me olhando.
- Não sei não... - desconfiei.
- Por favor, me dá mais uma chance! - ela implorou.
- Tudo bem - eu não tinha amigos aqui mesmo, o que custava né?
- Ebaaa! Em meia hora eu passo aqui para te pegar. Você mora nesta pensão? - cara de nojo.
- Moro sim - sorri, ironicamente.
- Ui, mas tudo bem. Meia hora. E vê se veste uma roupa melhorzinha - ela falou, saindo.
Me arrumei e desci para esperá-la. No horário combinado, ela chega, super empolgada:
- Amiga, vamos!
Comecei a andar e travei na metade quando vi quem estava dirigindo o carro: o cara do chocolate quente.


Até a próxima,
A Menina

3 comentários:

  1. ''o cara do chocolate quente'' ¬¬ um idiota hahaha lindooo

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  2. haha pareceeesse estar tão bom quanto o outro, siga em frente que ja tens um leitor para seus textos *-*

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